“Se, na atualidade, compreender para crer se tornou uma necessidade para a inteligência, como beber e comer é uma necessidade para o estômago, é que Deus quer que o homem faça uso de sua inteligência: de outro modo não tê-la-ia dado. Há pessoas que não experimentam essa necessidade, que se contentam em crer sem exame. Não as recriminamos, e longe está de nós o pensamento de perturbá-las em sua tranquilidade. O Espiritismo evidentemente, não se destina a elas: se têm tudo o de que necessitam, nada há a oferecer-Ihes. Não se obriga a comer à força àqueles que declaram não ter fome. O Espiritismo está destinado àqueles para os quais o alimento intelectual que lhes é dado não basta, e o número destas pessoas é tão grande que o tempo não sobra para nos ocuparmos com as outras. Por que, então, se queixam quando não lhes corremos ao encalço? O Espiritismo não procura ninguém, não se impõe a ninguém, limita-se a dizer: Aqui me tendes, eis o que sou, eis o que trago. Os que julgam ter necessidade de mim, se aproximem; os demais permaneçam onde se encontram. Não é meu propósito perturbar-lhes a consciência nem injuriá-los. A única coisa que peço é a reciprocidade.”
(Allan Kardec. Viagem Espírita em 1862 » Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux » Discurso II)