P&R: Qual a explicação dada pelo Espiritismo acerca da cura da mulher hemorroíssa?

Qual a explicação dada pelo Espiritismo acerca da cura da mulher hemorroíssa?

Essa mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia, que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira, como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto dizia: “Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada”. No mesmo instante o fluxo sanguíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade.

De imediato, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: “Quem me tocou as vestes?” Seus discípulos lhe disseram: “Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou?” Ele, porém, olhava em torno de si à procura daquela que o tocara. A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. Disse-lhe Jesus: “Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade”.

Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra são significativas. Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram a ação que acabara de produzir-se.

É de notar que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus; não houve magnetização nem imposição das mãos. Bastou a irradiação fluídica normal para realizar a cura. Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?

É bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos. Razão, pois, tinha Jesus para dizer: «Tua fé te salvou».

Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude mística, qual a entendem, muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também, se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes uma causa muito natural.

(A Gênese, cap. XV, itens 10 e 11.)

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