O que é o Espiritismo?
Capítulo I – Segundo diálogo – O céptico.
V — Compreendo, cavalheiro, a utilidade do estudo preliminar de que acabais de falar.
Como predisposição pessoal, dir-vos-ei que não sou a favor nem contra o Espiritismo, mas esse assunto me excita o interesse no mais alto grau.
Entre as pessoas de meu conhecimento, há partidários e adversários dele; a seu respeito tenho ouvido argumentos muito contraditórios, e propunha-me submeter-vos algumas das objeções que foram feitas em minha presença e que me parecem de certo valor, para mim ao menos, que vos confesso a minha ignorância a respeito.
A. K. — Terei grande satisfação, meu amigo, em responder às perguntas que me quiserdes dirigir, sempre que forem feitas com sinceridade e sem pensamento oculto; não tenho a pretensão, entretanto, de poder responder a todas.
O Espiritismo é uma ciência que acaba de nascer e da qual resta ainda muito a aprender; seria, pois, grande presunção de minha parte pretender levar de vencida todas as dificuldades; não poderei dizer mais do que sei.
O Espiritismo prende-se a todos os ramos da Filosofia, da Metafísica, da Psicologia e da Moral; é um campo imenso que não pode ser percorrido em algumas horas.
Compreendeis que me seria materialmente impossível repetir de viva voz e a cada pessoa, em particular, tudo quanto tenho escrito sobre essa matéria, para uso geral.
Em prévia leitura cada qual encontrará, além disso, uma resposta à maior parte das questões que lhe venham à mente; essa leitura tem a dupla vantagem de evitar repetições inúteis e de provar um desejo sincero de instruir-se.
Se, depois dela, ainda existirem dúvidas ou pontos obscuros, o esclarecimento não oferecerá mais dificuldade, porque já se possui um ponto de apoio e não se tem necessidade de perder tempo em rever os princípios mais elementares da Doutrina.
Se o permitirdes, limitar-nos-emos, por ora, a algumas questões genéricas.
V. — Seja; tende a bondade de chamar-me à ordem, sempre que eu dela me afaste.