O que é a revista espírita?
Após a grande repercurssão do Livro dos Espíritos e a procura cada vez maior por esclarecimentos por parte da população, acrescida do fato de jornais locais começarem a veicular artigos furibundos contra a doutrina nascente, não poupando nem sequer a vida privada do Codificador, demonstrando, em sua maior parte, completa ignorância dos postulados espíritas contra os quais se rebelavam, Kardec se deu conta da
“[…] imperiosa necessidade de criar uma folha que periodicamente pusesse os estudiosos dos fenômenos espíritas a par do que se passava no mundo e os instruísse de modo ordenado sobre as mais variadas questões doutrinárias “[…], a despeito de lhe faltar o tempo necessário para semelhante empreendimento, considerando-se os seus afazeres pessoais, inclusive os voltados para a sua própria subsistência.”
Logo na introdução do primeiro fascículo da Revista Espírita, Allan Kardec estabeleceu claramente as diretrizes que norteariam sua atuação à frente daquele periódico: Como nosso fim é chegar à verdade, acolheremos todas as observações que nos forem dirigidas e tentaremos, tanto quanto no-lo permita o estado dos conhecimentos adquiridos, dirimir as dúvidas e esclarecer os pontos ainda obscuros. Nossa Revista será, assim, uma tribuna livre, em que a discussão jamais se afastará das normas da mais estrita conveniência. Numa palavra: discutiremos, mas não disputaremos. As inconveniências de linguagem nunca foram boas razões aos olhos das pessoas sensatas.
É importante que se tenha em mente que a Revista Espírita é uma obra subsidiária, complementar da Doutrina Espírita e, como tal, deve ser lida com espírito crítico, especialmente no que concerne a certas teorias científicas e a algumas opiniões isoladas, de caráter filosófico. Sua moral é inatacável; porque baseada na do Cristo, não suscita dupla interpretação, por
“[…] ser terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas.”
*Resumo feito com base em trechos do índice geral da revista espírita (tradução da Federação Espírita Brasileira).